Em Busca da Autocura
Vânia Lobato
A cada dia aumenta mais
o interesse do Homem por si mesmo. As relações entre os processos emocionais e
os sintomas que estes refletem no corpo físico atraem as pessoas a procurarem
as correntes que consideram o Homem como um Todo, composto não só do corpo
físico, mas também de pensamentos, sentimentos, desejos, emoções, etc. Esta
mesma corrente determina que o nosso funcionamento adequado é conquistado
através do equilíbrio criado pela consciência deste Todo.
É
comum analisarmos nossos estados psíquicos, mas difícil é “ver” e “sentir” como
estes estados alteram nosso corpo físico. O ideal seria que conseguíssemos
reconhecer e tratar nossas dificuldades emocionais de maneira mais integrada e
curativa. Reaprender a conviver com o próprio corpo, entender as suas
manifestações é a mais saudável das práticas da medicina preventiva.
Entendemos
que os incômodos gerados no corpo físico são resultado do afastamento que
criamos de nós mesmos e que estes incômodos são uma forma primária de nos
alertar sobre a incoerência entre os nossos atos e as reais necessidades do
nosso Eu mais profundo. De uma perspectiva mais ampla, a causa da doença é o
esquecimento de quem somos realmente e o caminho para a cura é a lembrança do
verdadeiro Eu..
Todos
temos dentro de nós um Eu mais profundo, mais essencial que aqui chamaremos de
Essência. Este Eu muitas vezes passa despercebido até para nós mesmos. É aquela
parte escondida, mais íntima que todos temos. É aquilo que em nós se aproxima
da Centelha Divina. Também abrigamos um eu mais externo, aquele que mostramos
ao mundo, pelo qual nos conhecem e que aqui chamaremos ego.
A
coerência entre o que a Essência indica para que o indivíduo possa crescer,
evoluir nesta vida e o que o ego permite a ela se manifestar é o que determina
a saúde e a harmonia do Homem. Várias vezes agimos contra aquilo que a nossa
alma espera de nós, contra nossas Vontades mais profundas para satisfazermos
uma sociedade, para mantermos um status, por não darmos conta das mudanças que
acarretaríamos em nossas vidas se seguíssemos estes impulsos. Todas as vezes
que fazemos isto, Essência e ego se afastam e este afastamento imposto pelo
ritmo de vida do Homem Moderno, faz com que cada vez apareçam mais doenças sem
cura que por sua vez aumentam o stress do Homem, nos colocando num círculo
vicioso. Para quebrarmos este círculo, é necessário que o Homem se volte para
ele mesmo, que faça um trabalho de autoconhecimento e procure levar uma vida
mais saudável, mais coerente. É preciso que haja uma alimentação equilibrada,
doses equivalentes de trabalho e lazer, higiene pessoal e mental, enfim que o compromisso
com a qualidade de vida seja também um compromisso com a coerência. Também é
importante que o Homem se veja com seus defeitos e qualidades e aprenda a se trabalhar
para corrigi-los, que não se deixe levar por eles nem pela facilidade do “sou
assim mesmo”. É preciso domar esse ego para que a manifestação mais plena
daquilo que nossa Alma espera de nós nessa vida possa aparecer e o caminho da
saúde possa ser retomado.
Ninguém
vem ao mundo sem emoções e se elas aí estão é porque têm uma função e não para
serem sufocadas. Todo controle muito rígido das emoções causa graves problemas
energéticos em nosso organismo. Ao invés de gastarmos uma valiosa energia para
controlarmos estas emoções, precisamos aumentar em nós o lado Luz que somos.
Sem isso, aquilo que em nós não é Luz, vai tomando conta e vamos nos
intoxicando pelas emoções bloqueadas que vão ficando retidas em nós mesmos como
uma energia negativa a nos fazer mal. Portanto, ao encararmos nossos problemas
de frente, sem fugirmos deles e sem aumentá-los, sem deixarmos que arroubos ou
depressões nos dominem, estamos contribuindo para nossa saúde física, emocional
e mental.
Todo sintoma manifestado no nosso corpo
físico, desde o mais simples até o mais complexo, deve ser considerado com
seriedade porque é a forma que o corpo tem para nos dizer que alguma coisa está
errada conosco, que nossa rota original foi desviada em algum ponto. Se apenas
tomamos um remédio, ao invés de tentarmos saber porquê ou para que aquilo está
acontecendo, agravamos mais ainda nosso problema. Toda doença tem uma função
purificadora e evolutiva. Na verdade toda doença é o caminho para a cura.
Aproveitarmos o surgimento dos sintomas físicos para mudarmos nossa postura
pessoal diante da vida é facilitarmos nosso processo de cura. Mas ao contrário,
combatemos a doença de forma agressiva inibindo suas manifestações antes de
percebê-las verdadeiramente. Buscamos ajuda nos médicos e retiramos de nós toda
e qualquer responsabilidade sobre aquilo que nos acontece sendo que o caminho
verdadeiro, o caminho correto é associarmos o tratamento convencional, quando
necessário, à nossa consciência do que aquele adoecimento quer nos indicar como
mudança de rota. Sentimo-nos enfraquecidos a partir da doença e buscamos a cura
no externo, deixando de identificá-la, primeiramente, dentro de nós.
Aprendemos
desde cedo a fugirmos da dor e de tudo o que nos incomoda. Se, ao contrário,
tentássemos ir resolvendo os problemas à medida que fossem aparecendo, lidando
com estes processos internos com respeito, não precisaríamos construir doenças
tão sérias no organismo. Sintomas pequenos tendem a virar doenças sérias se não
dermos a eles a atenção merecida. Para que a doença não ocorra, necessário é
que façamos um trabalho de autoconhecimento. Assim nos vemos sem máscaras e nos
permitimos ter defeitos e fraquezas para podermos trabalhá-los e transformá-los
em algo que nos ajude e não algo que entrave nossa vida. A partir daí poderemos
começar a nos curar de todos os males que nos afligem, sejam eles físicos,
psíquicos ou emocionais. Para que esta cura aconteça, é necessário que haja uma
mudança interna, uma mudança de valores que nem sempre é bem aceita pelos que
nos cercam ou até por nós mesmos. Mas é preciso que as mudanças ocorram, pois
as crenças que temos são as principais responsáveis pelo fato de nossas doenças
continuarem a se desenvolver. Para viver este processo, para que estas mudanças
se instalem é preciso muita coragem, muita luta interna e muita força de
vontade, mas é o caminho que devemos seguir para nos livrarmos dos nossos
problemas de saúde e de todos os outros que nos incomodam e para que possamos
atingir a felicidade interna.
Bibliografias: Luz Emergente (Bárbara Ann Brennan);
Apostila
do curso de Leitura Corporal (Nereida Vilela Chimeli)